Transtorno Afetivo Estacional ou Sazonal
Rosenthal, um Psiquiatra Sul Africano com especialização nos Estados Unidos descreveu em 1984, quando tinha 34 anos, um padrão depressivo que se exacerbava nos períodos de outono e inverno. Ele nomeou o quadro de Transtorno Afetivo Estacional (TAE).
No âmbito de pesquisa tem código de descritor F03.600.300.775 onde surge como uma síndrome caracterizada por depressão que recorre anualmente no mesmo período do ano, usualmente nos meses de inverno. Ele sugeriu como tratamento a fototerapia.
Na evolução do DSM IV (manual de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria – 4ª edição) para o DSM V (5ª edição) o TAE perdeu o status de uma doença isolada e passou a integrar o grupo do Distúrbio Depressivo Maior Recorrente passando a ser cadastrado no código Internacional de Doenças pelo CID F33-8 (outros transtornos depressivos recorrentes).
A maioria dos pacientes com TAE experimenta sintomas atípicos em relação ao padrão depressivo, incluindo necessidade maior de sono, fissura por carboidratos, aumento de apetite e peso, e fadiga extrema. Observa-se tendência familiar e apresentação semelhante entre gêmeos.
É importante salientar que somente 10% dos pacientes com depressão atípica têm um padrão sazonal, mas, ainda que a relação entre depressão atípica e depressão sazonal seja muito estreita, um pequeno ensaio clínico com fototerapia na depressão atípica não teve efeito significativo.
Estatisticamente aparece em 1,4% da população nas regiões próximas do equador, aumentando progressivamente a medida que se aproxima dos pólos chegando em algumas regiões como o Alasca a atingir praticamente 10% da população.
Estima-se que 216 milhões de pessoas padeçam deste tipo de depressão.
Em relação a idade parece iniciar junto com a adolescência, é melhor observado entre os 20 e 30 anos e acomete mais mulheres que homens.
O que poucos sabem é que o mesmo quadro pode acometer outras pessoas na fase oposta, ou seja no período da primavera e do verão. Alguns sintomas comportamentais da depressão do verão tendem a ser opostos aos da depressão de inverno. Por exemplo, os indivíduos que sofrem depressão na época do verão tendem a dormir menos e perder peso.
A etiologia e a fisiopatologia do TAE não estão totalmente compreendidas ainda, embora existam hipóteses que relacionam a condição ao período de luz solar, alterações no ciclo circadiano e, subseqüentemente, à secreção de melatonina. O marca-passo circadiano regula as alterações sazonais no comportamento por meio da transmissão de um sinal sobre a duração do dia às outras partes do organismo.
Lewy e colaboradores encontraram associações entre os índices de depressão e o período circadiano. Eles revelaram uma janela terapêutica para a configuração mais favorável dos ritmos circadianos e como esses ritmos podem ser reconfigurados pela administração de suplementos de melatonina no período correto do dia.
Sugeriu-se que os efeitos sazonais no humor e no comportamento (sazonalidade) estão relacionados às alterações nas funções serotonérgicas e no eixo hipotalâmico. Um estudo controlado com placebo das respostas hormonais após a administração do agente liberador de serotonina fenfluramina encontrou que pacientes com TAE de inverno possuíam respostas mais fracas de cortisol e prolactina do que pessoas saudáveis. Os níveis de cortisol basal foram significativamente mais altos no grupo com depressão na Primavera/Outono do que no grupo Inverno/Verão. O grupo Primavera/Verão e o grupo Inverno/Verão podem representar diferentes tipos de depressão maior.
O escolar adolescente e o jovem universitário que apresentam o padrão sazonal outono/inverno, qualquer que seja a região distante do equador onde ele vivam, padecerão da doença durante praticamente 5 meses letivos. É uma população muito grande e o período afetado também é grande. Para incluir esta hipótese diagnóstica basta incrementar na anamnese uma avaliação mais acurada do período de piora no comprometimento escolar.