O tratamento do TDAH pode ser feito com os seguintes medicamentos:

 

- Metilfenidato (Ritalina®, Ritalina LA®, Concerta®);

- lisdexanfetamina (Venvanse®);

- atomoxetina (Strattera®);


Os dois primeiros fazem parte do grupo das anfetaminas e o terceiro é um bloqueador seletivo da recaptura de noradrenalina.


Todos eles são prescritos com receituário especial e hoje são usados não somente para TDAH, mas também para emagrecimento, depressão, atraso no neurodesenvolvimento, autismo e até como rebite de caminhoneiros.

 

Há colegas entusiasmados com estes medicamentos.

 

O que interessa para a Oftalmologia é que este medicamento pode:
 

1.provocar glaucoma agudo em crianças com ângulo fechado (como toda anfetamina).


2.interferir na acomodação visual: uma quantidade significativa de crianças que examinei antes e depois de usarem estes  medicamentos apresentaram alteração na acomodação. Algumas crianças relataram aos pais que estavam com a “visão embaçada” e, mesmo assim, mantiveram o tratamento ! A bula destes medicamentos na Anvisa cita esta alteração como efeito colateral “raro”. Não existem trabalhos brasileiros que confirmem esta “raridade”. Os estrangeiros avaliaram, em média, 15 pacientes (o que é muito pouco para este tipo de pesquisa)


3.reduzir o número das sacadas oculares: muitos pais queixaram do fato da criança ficar com o “olhar parado”. O exame do rastreamento ocular durante a leitura confirmou a redução no ritmo das sacadas oculares, em especial as de regressão.


4.provocar opacidade de cristalino: eu não vi nenhum caso mas há trabalho na BIREME alertando para isso.( https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-28376677)


Raros são os neurologistas que pedem uma avaliação oftalmológica antes de prescrever estes medicamentos. Mais raros ainda são aqueles que perguntam se existem antecedentes de glaucoma na família.

Precisamos alertá-los da importância de participarmos das avaliações destas crianças antes e muito tempo depois da prescrição destes medicamentos. Já temos trabalhos mostrando que crianças com mais de 9 meses de uso do metilfenidato sofreram redução na profundidade da câmara anterior.

Em tempos recentes alguns terapeutas disseram nas escolas que esta droga é a panacéia dos problemas de aprendizagem. Com isso algumas escolas têm pedido aos pais que exijam dos médicos a prescrição destas drogas alegando dificuldade para controlar estas crianças no dia a dia. As escolas também precisam ser orientadas.

 
Ademais as catecolaminas aumentam a produção de glucagon estimulando o ATP a ser convertido em AMP cíclico e produzindo glicogenólise hepática com aumento de glicose no sangue (efeito oposto ao da insulina)