Onde investir quando a onda do CoVid19 passar?

Escrito em 26/03/2020

 

Acreditem ou não, quando a poeira baixar, haverá muita gente com dinheiro (muito dinheiro) sem saber onde investir depois da pandemia do CoVid19. Alguém logo dirá: “dê para mim !!!!”. Esqueça: investidor não dá dinheiro. Ele ganha dinheiro.

Estas pessoas descobriram que cambio, bolsa, eurobonds, etc... podem vaporizar com rapidez incrível diante de uma pandemia como a do CoVid19.

Há aqueles que fugirão para ouro, pedras preciosas e outros investimentos sólidos, alguns pesados demais para carregar outros de baixa compreensão no momento do escambo por alimento. Afinal qual é o cidadão comum que sabe reconhecer uma pedra preciosa para trocar por um prato de comida ?

Por falar em comida já ouvi gente falando de mercadinho (os veganos/naturais estão em alta !!!), restaurante, padaria, mercearia..... comida !!!!

Há ainda os que sonham em se transformar em fabricantes de respiradores automáticos, equipamentos médicos sofisticados, etc. etc. etc.

Estranho. Nesses dias não ouvi ninguém dizer que irá investir no filho para que ele seja um bom jogador de futebol...será que isso também mudou?

Fato (ou facto dependendo do país) é que ninguém lembra de investir em pesquisa. “Pesquisa não dá retorno”, alegam ! Há fundos que desistiram de investir em pesquisa porque “pesquisadores jogam toneladas de dinheiro no lixo e mostram poucos resultados”. Há governos que zombam do trabalho do pesquisador chamando-o de maconheiro preguiçoso.

O primeiro problema na vida do pesquisador é que, depois da pesquisa eles precisam publicar os resultados.

A escrita desses resultados, cheia de regras e de normas diferentes para cada periódico, consomem muito tempo. Quando o pesquisador finalmente consegue publicar o trabalho, descobre que a revista cobra para que outro pesquisador tenha acesso ao seu manuscrito. E, ele, não recebe um misero centavo.

Precisamos encontrar uma maneira rápida e simples e economica para apresentar nossos resultados para a comunidade internacional.

Veja essa situação: em 2007 um trabalho publicado na Clinical Microbiology Review por Cheng e colegas, documento que para ser acessado é preciso pagar US$ 9,99, alertaram para a chegada de um novo vírus da família SARS. Eles terminaram o trabalho escrevendo: “precisamos estar preparados para a possibilidade de reemergência da SARS e outros novos vírus de animais ou laboratórios. Isso é uma bomba relógio prestes a explodir”. Em 2007 !!! Quantos pesquisadores tiveram acesso a essa informação ??? Que medidas deixaram de ser tomadas ??? Por que ninguém valorizou estas informações ??? Resposta: por falta de acesso facilitado.

Em 2012 (2012 !!!) David Quammen escreveu Spillover-Animal infections and the next human pandemic. Alguém leu ? No Brasil certamente que não porque ele não foi traduzido e nem todo brasileiro tem paciência para ler texto em inglês... Por que não existem livros com tradução automática ? Este autor entrevistou centenas de pesquisadores que determinaram que uma próxima pandemia estava vindo. Só não sabiam como, quando e de que forma viria. Mas, a descrição de como ela seria e as conseqüências que traria estão todas descritas lá. O texto alertava para necessidades que deveriam ser providenciadas para que o número de mortos não fosse expressivo. Ninguém valorizou porque não tiveram acesso a informação.

Pesquisadores não podem viver a mercê de revistas científicas que o façam perder tempo precioso com detalhes de, como as citações devam constar na referência bibliográfica. Simplifiquemos !!!!

Em pleno século 21 pessoas estão morrendo por falta de informação provocada por dificuldade de acesso e perda de tempo na produção.

Os artigos científicos devem ser publicados em locais de facil acesso, sem grandes minúcias, sem custo para quem irá ler.

O pesquisador precisa ser remunerado. E remunerado de maneira condizente a não precisar ter outras fontes de rendam que tomem seu precioso tempo.

O lucro virá. Em dinheiro ou em vidas. É questão de tempo.