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Telas e crianças pequenas: riscos para visão.
Transcrito da Revista Visão em Foco
Conselho Brasileiro de Oftalmologia
03/Ano1/2023


Os efeitos do uso excessivo de telas (celular, tablet, videogame) na visão das crianças e adolescentes já são bem conhecidos. No entanto, as telas também podem ter impacto direto na saúde dos olhos das crianças pequenas, menores de 5 anos, que atualmente entram em contato com dispositivos eletrônicos cada vez mais cedo.

Segundo levantamento da AVG Digital Diaries, divisão de pesquisa sobre tecnologia e infância da empresa AVG, 73% das crianças, com idades entre 3 e 5 anos, já sabem fazer uso de eletrônicos, mas grande parte ainda não sabe escrever o próprio nome.

A fase de vida em que a criança desenvolve os sistemas cognitivo e motor é na primeira infância. A maioria dos conhecimentos obtidos acontece até os 2 anos, quando a criança começa a ter a percepção de suas habilidades.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças até 2 anos não tenham contato com telas, uma vez que elas podem causar atraso no desenvolvimento de habilidades como a linguagem, convívio social e visão.

Até completarem 2 meses de idade, os bebês só conseguem ver com exatidão rostos e objetos posicionados num raio de distância que varia entre 20 a 30 centímetros.

A musculatura do olho, quando o foco é próximo, precisa estar contraída. Quando as crianças ficam por muito tempo olhando para as telas próximas, essa musculatura permanece contraída.

Para enxergar de longe, é preciso que haja um relaxamento que vai demorar mais tempo a ser alcançado. Por isso, não é indicado que o olhar permaneça fixo por muito tempo num mesmo ponto.

Para que não haja danos à visão, é importante que a criança brinque com objetos como móbiles, bichinhos e outros brinquedos que se movimentem, para exercitar o olhar, as noções espaciais e de profundidade.

Então, o cérebro da criança se desenvolve através de estímulos e interações sociais, e o uso de telas prejudica esse processo.

Com a falta de estímulos, muitas crianças entram na escola já com déficit de atenção. Segundo a pesquisa “Associação entre tempo de exibição e as crianças”, publicada no JAMA Pediatrics, quanto maior o tempo de exposição às telas, pior o desenvolvimento cognitivo e esse tempo pode influenciar na visão e na interpretação audiovisual.